A V Assembleia Ordinária da SIGNIS Brasil – Associação Católica de Comunicação, iniciou sua programação na quarta-feira (3), com a mesa-redonda “Caminho Sinodal: comunhão, participação e missão”, conduzida por representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A partir das reflexões do presidente da Comissão Pastoral para a Comunicação, Dom Valdir José de Castro, Dom Edilson Soares Nobre e Dom Amilton Manoel da Silva, o encontro tratou da identidade missionária da Igreja, da necessidade de conversão relacional e do papel da comunicação no processo sinodal.
Abrindo a conferência, Dom Valdir reforçou que evangelizar é a missão essencial da Igreja, e que esse chamado não pode ser reduzido a estruturas, fluxogramas ou burocracias. A conversão necessária para viver a sinodalidade é relacional, pois é justamente “a forma como Deus quis estar conosco”.
Segundo ele, comunhão não é uniformidade, mas harmonia entre diferenças. A imagem utilizada foi a de um coro polifônico, no qual as vozes diversas não competem, mas se completam. “A comunidade não deseja monotonia, mas pluralidade”, destacou.
Participação: envolver todos, escutar todos
Em texto de Dom Amilton que não pôde estar presente e lido por Dom Edilson, ressaltou-se que participação é um chamado ao envolvimento de todo o povo de Deus: leigos, consagrados e ministros ordenados. Essa participação começa pela escuta profunda e respeitosa, condição indispensável para discernir a voz do Espírito Santo.
Os bispos alertaram ainda para o contexto atual, marcado pela relativização dos valores e vínculos. Por isso, pediram que a Igreja reafirme “com estima e profundidade” a pertença cristã, fundada em Jesus Cristo.
Também criticaram o excesso de reuniões e estruturas paralisantes: “menos reuniões e mais missão”, apelou-se. O caminho sinodal exige leveza, proximidade e disponibilidade.
Missão: sair, encontrar, anunciar tudo — não apenas o que agrada
Na terceira intervenção, Dom Edilson destacou a necessidade de conhecer profundamente Jesus Cristo para anunciar o Evangelho em sua totalidade, sem reduções baseadas apenas no “que me satisfaz”.
Ele alertou contra: o intimismo, que afasta o cristão da missão; a distração, gerada por “coisas estrambólicas” que obscurecem o essencial o desvio, quando se escolhe apenas partes convenientes do Evangelho.
A missão, segundo ele, só é autêntica quando leva ao encontro real com os fiéis, com suas experiências diversas e necessidades concretas.
Também criticou a lógica de uma pastoral voltada apenas à manutenção:
“Não basta dizer ‘minha igreja está lotada’; é preciso lembrar quantos ainda estão lá fora, com fome, enquanto Jesus continua dizendo: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’.”
Para Dom Edilson, a vocação batismal torna todos multiplicadores do tesouro recebido.
Escuta, diálogo e comunicação performativa
Durante o diálogo com os participantes, emergiu um ponto central para a missão da SIGNIS Brasil: o desafio do diálogo com os diferentes. Muitos agentes e membros da Igreja, apontaram os bispos, ainda não estão preparados para esse encontro.
Por isso, foi afirmado que a comunicação católica não pode mais ser apenas informativa, limitada a transmitir notícias ou atividades. Ela precisa ser performativa: capaz de promover mudanças, gerar encontros, transformar relações e tornar concreta a sinodalidade dentro dos veículos, plataformas e iniciativas da Igreja.
A mesa estabeleceu o tom da V Assembleia Ordinária da SIGNIS Brasil: uma comunicação que nasce da relação, que honra a diversidade, que escuta, acompanha e envia. Uma comunicação que faz a Igreja caminhar não como instituição isolada, mas como povo de Deus em missão, em ritmo sinodal.
