Jubileu reúne operadores do Direito no Santuário Nacional de Aparecida

A Assessoria de Relações Institucionais e Governamentais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu, no último fim de semana, um encontro especial no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (SP). Juízes, desembargadores, ministros, procuradores, advogados e especialistas em direito canônico participaram do Jubileu dos Operadores de Justiça, que reuniu cerca de 50 pessoas.

O evento teve como inspiração o tema do Jubileu 2025: “A esperança não decepciona: fé que inspira a justiça com equidade” (cf. Rm 5,5).

Peregrinação e acolhida

As atividades começaram no sábado (6), com a recepção dos participantes na Capela dos Apóstolos, localizada atrás do nicho da imagem original de Nossa Senhora Aparecida. O arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, deu as boas-vindas ao grupo, ressaltando o valor da esperança cristã para a vivência da justiça.

Logo depois, o irmão redentorista Alan Zucheratto conduziu o Santo Terço. Ao final, os peregrinos foram surpreendidos quando o nicho girou, revelando de perto a imagem original da Padroeira do Brasil. Em clima de emoção, todos fizeram um momento de silêncio, seguido da oração de Consagração à Nossa Senhora.

Celebração e homilia

No domingo (7), a programação iniciou-se com a Santa Missa no Santuário, presidida por dom Jaime. Refletindo o Evangelho do 23º Domingo do Tempo Comum, o cardeal destacou o desapego como caminho de discipulado e relembrou palavras do Papa Francisco:

“Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos.”

Em sua homilia, sublinhou que a renúncia cristã é, na verdade, um “re-anúncio”, um convite a redescobrir a identidade humana e o sentido da criação.

“É preciso alimentar a comunhão de tudo e de todos com Aquele que é raiz e origem da nova Humanidade, sustentada por valores éticos e morais, tendo no centro o cuidado e a promoção da vida desde sua concepção até o ocaso natural.”

O cardeal recordou ainda a contribuição do Concílio Vaticano II e das assembleias do episcopado latino-americano, que reforçam o chamado a um cristianismo vivido de forma autêntica:

“É preciso que sejamos discípulos críveis e exemplares de Jesus; que imitemos seus gestos, palavras e atitudes; que cultivemos em nós seus sentimentos e sua paixão pelo Pai.”

Reflexões sobre justiça e esperança

Após a Missa, os participantes acompanharam uma série de conferências. Dom Jaime lembrou a atuação histórica da Igreja no Brasil, como a colaboração da CNBB na redação da Constituição de 1988 e os debates sobre ética e sociedade promovidos pela instituição. Inspirado pelo Papa Francisco, afirmou:

“Uma sentença justa é uma poesia que repara, redime e nutre, capaz de curar as feridas dos pobres.”

E completou:

“A justiça não faz os justos; são os justos que fazem a justiça.”

Na sequência, o jurista José Renato Nalini apresentou a segunda conferência, aprofundando o papel da esperança cristã na prática da justiça.